“SENHOR, QUE EU VEJA!...”

“SENHOR, QUE EU VEJA!...”

 

“SENHOR, QUE EU VEJA!...”

Mc 10, 46 – 52

 

                São seis horas da tarde, horário de verão, por causa disto temos um por-do-sol lindo lá fora. Estou aqui na missa, mas de vez em quanto estava de olho no por-do-sol. E como está lindo.

                Jericó é uma das cidades mais profundas da terra, está a 240 metros abaixo do nível do mar.foi em Jericó que Nosso Senhor Jesus encontrou-se com Bartimeu. Bar, quer dizer filho e Timeu, o nome do pai dele. Bar – Timeu, filho de Timeu. Cego de nascença. Vivia a beira do caminho. Se Bartimeu estava em Jericó, e se Jericó é uma das cidades mais profundas do mundo. O evangelista quis dizer em sua teologia que este cego, na verdade, representa todos nós. Ele quis falar de nossa cegueira.

                Quantas vezes estamos a beira do caminho. Somos pegos pelo desânimo. Perdemos o sentido da vida. E a vontade que temos é de ficar sentados, deixando a vida passar por nós. Quantos vivem assim. Inertes na vida.

E algo em nós percebe que Jesus está por perto e começamos a pedir: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!”. Mas também há as nossas velhas tendências do pessimismo que dizem: “Cala a boca, isto não vai dar certo!”. Não adianta procurar Deus!”. Mas se gritamos mais forte, Jesus escuta. Na verdade, Deus só escuta os gritos do coração. Enquanto pedimos somente com a boca, mas o pedido não vem do profundo de nosso ser, Deus não tem como escutar. Não está na dimensão dEle. Quando Bartimeu beira o desespero, não atendendo as vozes que mandavam-no calar a boca, Jesus escuta e diz: “Chamai-o!”

Comprova-se novamente que Deus só age na vida do ser humano quando este quer realmente. Bartimeu diante de Jesus escuta do Meste uma pergunta óbvia: “Que queres que eu te faça?”. “Mestre, que eu veja!”. É como se escutássemos a tonalidade na voz do cego. Sou cego. O que mais um cego pode querer diante de quem pode lhe devolver a visão?

Como está nossa cegueira? Já que Bartimeu de Jericó representa a todos nós. Estou conseguindo ver o essencial em minha vida. Ou estou sentado a beira do caminho? Vejo com profundidade ou superficialidade? Consigo ver a beleza de minha vida? Percebo os passos de Deus em minha história? Como vejo minha casa? A vejo como minha casa, meu lugar, a casa mais linda do mundo. Não importando se é alugada ou não. Se é pequena ou grande. Bem acabada ou não. Consigo ver que é a minha casa? Onde durmo, acordo, onde vivo com as pessoas que eu amo. Onde construo minha vida. E minha esposa ou esposo? Com o tempo nós vamos ficando idosos, engordamos. Perdemos a viçosidade da juventude. Consigo ver na minha esposa ou no meu esposo o essencial. Ver que mesmo idoso ou idosa, gasto pelo tempo possuem beleza, e a beleza está na história construída juntos. Vejo que não vale a pena trocar minha esposa idosa por uma jovem, que pode ter a beleza que for, mas não vai representar nada para mim?

E os meus filhos, vejo a maravilha que são? O milagre que são em minha vida? Quantos querendo ter filhos e não podem e eu os tenho. Podem ter o problema que tiverem, mas são meus filhos. São carne de minha carne, sangue do meu sangue.

Olhos de ver! Um vez um velhinho, teve um corte em sua mão e foi para um posto de saúde. Enquanto o médico o atendia fazendo a sutura, notou que ele estava ansioso. De vez em quando olhava no relógio. O médico perguntou: “O senhor está com pressa?” “Sim”, respondeu o velhinho. Tenho que visitar minha esposa que está internada em uma clínica”. “É grave o caso dela?” - perguntou o médico. “Sim. Ela tem Heiseimer!”. “E, como está?” – perguntou novamente o médico. “Não conhece mais ninguém. Nem os filhos. Fica lá com os olhos abertos, distante. Está vegetando!”. “Interessante, e mesmo assim o senhor tem pressa para vê-la. Ela não lhe conhece mais...”. “Sim, doutor, ela pode não mais me conhecer, mas eu sei muito bem quem ela é!”.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!