DEUS AMA, ABRAÇA, TRANSFORMA, SANTIFICA!
“Enquanto Moisés subiu ao encontro de Deus. O Senhor o chamou do alto da montanha e disse: ‘ Assim deverás falar à casa de Jacó e anunciar aos israelitas: Vistes o que fiz aos egípcios, e como vos levei sobre asas de águia e vos trouxe a mim. Agora, se realmente ouvirdes minha voz e guardardes a minha aliança, sereis para mim a porção escolhida entre todos os povos. Na realidade é minha toda terra, mas vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. São essas as palavras que deverás dizer aos israelitas” (Êxodo 19, 3-6).
“O Senhor o chamou do alto da montanha”, Deus está no alto da montanha. O alto da montanha é o espaço de Deus. É lá que estão “as coisas do alto” (Col 3, 1 ), Deus chama de lá. Ele chama para que possamos subir. E assim estar com Ele, ouvi-lo, senti-lo, sermos fortalecidos para depois descer ao mundo, novamente. O mundo de Deus é la no alto, o nosso mundo é aqui embaixo. Temos a chance privilegiada, e só nós seres humanos temos, de todos os dias subirmos até o monte de Deus, como Moisés o fez. A chance nos é dada pelo dom da oração. Nossa capacidade de rezar. Falar com Deus. O ser humano em oração, está novamente no Monte Sinai, o monte de Deus.
E só nós podemos realizar o pedido de Nosso Senhor contido no Pai Nosso: “Venha a nós o vosso Reino!”. Rezar é trazer “as coisas do alto” para baixo. É trazer Deus para as nossas realidades. E realidades que precisam com urgência da oração. Pois estamos em um mundo de, não mais “época de mudanças”, mas de “mudança de época”. Por que se mudaram os critérios de julgamento. Não são os atos que mudaram. Mas a própria maneira de pensar o mundo. O principal passou a ser secundário. O inferior e secundário passou a ser mais importante. As coisas, os bens de consumo tornaram-se prioridades, não mais a pessoa humana. E quando a importância do ser humano é perdida de vista, as instituições que protegem o ser humano, que o constroem passam a ser também desprezadas, como acontece hoje com a família, a Igreja e a escola. O que é perene, durável perde o valor e torna-se importante o passageiro e imediato. Desaparece a religião. Porque ela ajuda o ser humano a ser o principal. A razão de tudo. Não cai bem num mundo pós-moderno a Idéia de Deus, porque Deus está sempre voltado ao ser humano. E onde se despreza o ser humano...
Porém, o desafio continua, e agora mais que nunca. O cristão nunca pode se dar por vencido. Temos que tornar o mundo Reino de Deus sim, apesar de tudo. Mas como podemos tornar o mundo em que vivemos em Reino de Deus? Na verdade como pode Deus tornar? Por que somente Deus pode transformar as realidades definitivamente.
Deus pode, mas não quer fazer nada sozinho. Deus pode ajudar diretamente o ser humano, mas quer sempre que alguém interceda. O papa João Paulo II dizia que “o caminho da Igreja passa pelo ser humano”. Podemos ampliar aqui esse pensamento dizendo que o caminho de Deus passa pelo ser humano. Deus não salva sozinho. Pode salvar, mas não quer que seja assim. Quer sempre nossa participação, nossa intercessão. Não há na Bíblia alguém que se restaure por conta própria, precisa sempre que alguém ajude. Um dos grandes exemplos é São Paulo. Perseguindo os cristãos. Vê Jesus ao sol do meio dia, na entrada de Damasco. A luz é tanta que fica cego por três dias. Sem ver, sem comer, sem beber. Ou seja, morto. São Paulo morre, e quem o vivifica novamente? Quem o liberta? Ananias, um ser humano. E um ser humano com o nome que vem de Anástasis, que quer dizer ressurreição. Jesus poderia fazer São Paulo enxergar novamente. Mas enviou um ser humano para fazê-lo. Até para salvar a humanidade em seu maior sacrifício de oblação, de perdão, a Cruz, Deus vestiu-se de humanidade.
Assim, para transformar o mundo, abrir os olhos novamente de tantos que estão sem ver Deus quer precisar de um povo. Um povo sacerdotal, nós. Nós, cristãos. Seguidores do Filho de Deus. Você já se perguntou que, se o mundo não puder contar conosco para sua salvação, com quem poderá contar? Quem poderá oferecer oblações para a santificação do mundo, que não seja o povo sacerdotal. O povo que se encontra com o Senhor no alto da montanha.
E a frente do povo sacerdotal, existem os sacerdotes. Eles estão à frente do povo. E quem está a frente sofre mais. Olhemos os pássaros em arribação. O que está à frente sofre maior atrito do ar. Mas está lá porque ele é o primeiro a criar um vácuo que permite que os outros não se cansem. E assim possam vencer a longa jornada. Digamos que o padre, o presbítero, o sacerdote é este que está à frente, recebe todo o atrito do mundo. É o mais visível. Quem sabe até recolhe em si mesmo as fraquezas do povo. É o mais atacado pelo inimigo da natureza humana muitas vezes. Porque se ele cair, cai todo o povo com ele.
Uma das frases mais absolutas que já vi e li é uma que está na Capela da Canção Nova em Cachoeira Paulista: “Tudo pode ser mudado pela oração!”. Tudo, é tudo. Não há o que não possa ser mudado. Mas por quê? Porque lidar com a oração, rezar, é estar com Deus. Com aquEle para Quem nada é impossível. Quem não reza, está perdendo tempo e graças! Rezemos pela santificação dos sacerdotes ordenados. Rezemos pelos padres. Peçamos aquEle que é o Santo que santifique e proteja os que devem santificar o povo. Para que eles possam oferecer sacrifícios de suave odor ao Deus da vida em prol de todo o povo. A garantia de um povo santo é um sacerdote santo.
Chama-me muita atenção na oração eucarística o pedido do sacerdote que realiza o memorial do sacrifício em nome do povo sacerdotal. “Orai queridos irmãs e irmãs, para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai todo-poderoso!”. E o povo responde e reza: “Receba o Senhor, por tuas mãos, este sacrifício para a glória do seu Nome, para o nosso bem e de toda a santa Igreja”. Linda a troca. Linda a reciprocidade. O sacerdote que tem a ordem para consagrar o pão e o vinho em Corpo e Sangue de Cristo, pede ao povo que interceda. E o povo reza e novamente o memorial da salvação acontece. Oremos!