CURSO DE CARTAS PAULINAS
A VIDA DE SAULO-PAULO
Nasceu em Tarso (At 22, 3 – 5; Fl 3, 5 – 6) na Cilícia de pais judeus, em um ambiente helenístico (grego). Data provável para seu nascimento: 10 d. C. Estaria com 18-20 anos na época da Crucifixão. Não conheceu Jesus pessoalmente (2 Cor 5, 16).
Pertencente a tribo de Benjamim e a seita dos fariseus. Cidadão de tarso e de Roma. Tinha uma irmã (At 23, 16).V eio para Jerusalém para estudar com Gamaliel (20 a 50 d. C.) logo após a crucifixão (At 22, 3). Seu desejo era tornar-se Rabino, seus escritos e conhecimentos demonstram que ele assimilou muito bem os ensinamentos.
A CONVERSÃO
n Evento crucial para a Igreja teve lugar pelo ano 34 d.C.
n Um evento sobrenatural.
n At 9, 1 – 19/ 22, 1 – 21/ 26, 2 – 18 e um aceno em Gl 1, 11 – 23.
Que interpelações (iluminações) estes textos provocam em nossa vida?
n Três dias sem comer, sem beber, ou seja, ...
n Escamas nos olhos...
n O humano é intermediário de Deus para salvar o humano. Deus se veste de ser humano para salvar.
n Tem que cair por terra, tem que voltar a terra para subir, tem que descer para subir.
n Anástasis – Levanta-te Saulo, levanta-te...
n Ananias + Paulo = Ambos Ressuscitados.
n Paulo sempre repete sua experiência de conversão. Ela é a força motriz de sua ação: “Ele me mandou evangelizar, não batizar, mas evangelizar os gentios”.
DIFERENTES NARRAÇÕES DA CONVERSÃO
PRIMEIRA
(At 9, 1 – 30)
n Paulo é ensinado por um homem. Não é o Cristo ressuscitado, mas um simples homem chefe da comunidade de Damasco que admite Paulo na comunidade dos crentes.
n Fato conseqüente da encarnação: a admissão sacramental à Igreja é pela vontade de Cristo, deixada aos homens.
n A vida cristã de Paulo não começa com a experiência de Pentecostes, que recebeu três dias depois, mas com a experiência da pessoa de CRISTO RESSUSCITADO.
SEGUNDA
(At 22, 6 – 16)
n Sublinha-se o significado religioso da cegueira, porque foi o Cristo Ressuscitado e exaltado em sua glória que apareceu a Paulo, experiência única que só ele teve.
TERCEIRA
(At 26, 12 – 18)
n Mostra Paulo como um profeta que tem uma visão inaugural. Sua vocação é realizar o trabalho do Servo de Javé, o servo sofredor e glorioso do Senhor. Essa soteriologia do Servo será uma característica da soteriologia paulina.
O QUE É COMUM AO DIÁLOGO DAS TRÊS NARRATIVAS
n EU SOU O CRISTO – Paulo aprende a conhecer Cristo primeiramente como o Ressuscitado dos mortos.
n JESUS QUE TU PERSEGUES – De uma certa maneira misteriosa, Jesus Cristo continua presente nos seus seguidores e sofre neles, embora glorioso: Cristo nos cristãos (Os seguidores de Jesus). Esta é a base da doutrina da Igreja sobre o Corpo Místico de Cristo.
A CONVERSÃO NAS CARTAS
n Gl 1, 15 ss – usando Is 49, 1, mostra a consciência de Paulo de ter sido chamado a continuar o trabalho do Servo do Senhor. A experiência aparece como revelação da filiação divina de Cristo; isto é fundamental na Cristologia paulina.
n 1 Cor 15, 8 – O aspecto do testemunho do Cristo ressuscitado aparece como essencial para o conceito de apóstolo (At = a eleição da Matias), que Paulo conhece: 1 Cor 9, 1. Ele ao contrário dos doze não chegou a conclusão de Cristo ser divino após 3 anos de vida pública seguida da vinda do Espírito Santo. Ele reconhece Jesus como Filho de Deus, quando Ele se revela a Saulo como o Ressuscitado dos mortos. Daí a importância da Ressurreição na teologia de Paulo.
n 2 Cor 4, 6 – Paulo compara a conversão ao cristianismo com a criação da luz por Deus. Ele relembra sua conversão e o detalhe da luz da glória de Deus que ele viu irradiando-se do rosto do Cristo glorificado. Vê-se quão central é para a fé de Paulo a divindade de Cristo.
n Além disso, o conceito de conversão como criação voltará quando ele fala da Nova Criação (Gl 6, 15; 2 Cor 5, 17), necessária para a elevação sobrenatural do homem.
n Do mesmo teor é falar de Cristo como segundo Adão (1 Cor 15, 21 s; 45 – 49; Rm 5, 12 – 21) e falar da redenção cósmica (Rm 8, 18 – 22; Efésios e Colossenses).
n Fl 3, 12 – para Paulo ser conquistado por Cristo é a grande graça de sua vida e a força e motivação sobrenatural para todo o seu apostolado (Jr = tu me seduziste Senhor e eu me deixei seduzir).
CONSEQUÊNCIAS DA CONVERSÃO DE PAULO EM SEU APOSTOLADO
n Testemunha o Cristo ressuscitado, pois foi Ele quem o chamou.
n O valor central do querigma paulino é a Ressurreição de Cristo.
n “Eu sou aquEle a quem persegues!”, compreende que a Igreja é parte de Cristo, seu corpo Místico.
n A partir do contato com Ananias: “... Levará meu nome diante das nações...” (At 9, 15), começa a se esclarecer a missão de Paulo entre os pagãos.
SÍNTESE TEOLÓGICA DA MISSÃO DE PAULO
n Sua missão não é uma delegação eclesiástica. O Próprio Cristo Ressuscitado o constitui apóstolo como os outros.
n A Igreja de Jerusalém lhe aparece como a primeira realização do plano de salvação (1 Ts 2, 14); e considera-se encarregado, pelo próprio Cristo, da pregação (Gl 1, 1; Rm 1, 1).
n O desenvolvimento da Igreja de Antioquia (Gl 2, 1 – 10), as primeiras missões, a reflexão sobre a história salvífica (Gl 1, 12 – 16), a polêmica nascente (1 Cor 11, 23; 15, 3. 11) evidenciam para Paulo sua missão.
n Na dialética da Igreja primitiva, Pedro e Paulo, se apresentam não como antagonistas, mas como protagonistas, fundadores de uma mesma Igreja.
n Lucas com a maior boa vontade do mundo, não podia colocar Paulo como um dos 12, e fora deste círculo não se pode ser apóstolo. Que faz Lucas? Confirma a autoridade de Paulo pelos 12.
DAS 14 EPÍSTOLAS PAULINAS:
SÃO AUTÊNTICAS 08:
n Anos 50 a 58
n Paulo estava vivo, escrevia e também tinha secretário. Quando Paulo escreve o Templo de Jerusalém está de pé. O sistema do Templo funciona e interfere pelo mundo a fora. Paulo é um paradigma de uma nova proposta contra o Templo.
n 1 Ts (Corinto – 51)
n 2 Ts (Corinto – 51 ou 52 ?) (Há dúvidas)
n 1 Cor (Éfeso – 54 – 56)
n 2 Cor (Éfeso e Macedônia – 56)
n Gl (Éfeso 54 e 56)
n Fl (Éfeso 54 – 56)
n Fm (Éfeso 54 – 56)(Bilhete)
n Rm (Corinto 56)
NÃO SÃO AUTÊNTICAS:
Após ano 100
n Cartas Pastorais:
n Ef
n Cl
n 1 Tm
n 2 Tm
n Tt
n Hb
n São bem mais discriminatórias com a mulher.
A DIFUSÃO DA FÉ CRISTÃ
A difusão da fé cristã se dá – entre muito outros caminhos – através das viagens das Equipes Missionárias de Paulo. Segundo Atos dos Apóstolos, elas aconteceram:
n 1 ª viagem (anos 46 – 48): At 13 – 14...
n 2ª viagem (anos 50 – 52): At 15, 35 – 18, 22...
n 3ª viagem (anos 53 – 57): At 18, 23 – 21, 16 ...
n 4ª viagem - ? – (ano 60): At 27 – 28. Paulo levado preso a Roma: a Palavra cumpre sua missão...
COMO SÃO PAULO RESOLVE OS PROBLEMAS QUE VÃO SURGINDO?
Origem dos Problemas: AFASTAMENTO DA CONSCIÊNCIA DE CRISTO CRUCIFICADO COMO CENTRO DE NOSSA SALVAÇÃO
X
Lembrança contínua de Paulo: O anúncio de Jesus Cristo crucificado e ressuscitado como o centro do Evangelho.
Problemas que vão surgindo e as respostas de São Paulo:
1 Cor 1, 17 – 2, 9 (Divisões na Igreja)
Gl 5, 1 - 12 (Circuncisão)
Fl 2, 5 – 11 (Orgulho, egoísmo, individualismo)
Rm 1, 18 – 27/ 1 Cor 6, 12 - 20 (Idolatria e depravação)
Rm 6, 1 – 14 (Permanência no pecado)
1 Cor 7, 10 – 17 (Não às separações conjugais)
1 Cor 7, 25 – 31 (Dúvidas quando estado de vida)
1 Cor 10, 14 – 21 (Mistura de religiões)
1 Cor 11, 17 – 34 (Falta da Partilha na Eucaristia)
1 Cor 14, 1 – 19 (Oração em línguas)
Rm 15, 22 – 29 / 2 Cor 8, 11 - 15 (Egoísmo entre as Igrejas)
AS RUPTURAS QUE PAULO REALIZA
Liberta-se...
n do sistema judaico em relação aos estrangeiros, pobres, mulheres...
n (Com relação às mulheres, textos polêmicos: 1 Cor 11, 2 – 16 / 14, 33b – 38...
n do sistema romano, recomendando que se evite reproduzir o modelo de vida das classes dominantes: de Roma (Rm 1, 18 – 32), de Corinto (1 Cor 6), da Galácia (Gl 5, 16 – 21)...
n (Com relação às autoridades, um texto polêmico: Rm 13, 1 – 7)...
n (Com relação à escravidão: 1 Cor 7, 20 – 24)...
n do sistema da Igreja dependente de Jerusalém... Sua vocação provém diretamente de Deus: Gl 1, 11 – 23
n de si próprio. As fraquezas e limites pessoais ressaltam a grandeza e a força de Deus: 1 Cor 2, 1 – 5/ 4, 9 – 13/ 2 Cor 4, 7 – 18/ 6, 1 – 10 / 11, 23 – 33...
“NÃO IMPORTA O SUCESSO OU O FRACASSO, O QUE IMPORTA É JESUS CRISTO, QUE COM SUA GRAÇA VAI AGINDO E TRANSFORMANDO A REALIDADE DA VIDA”
Celso Loraschi
“NÃO PERDER O CONTATO COM A FONTE. E TOMAR CUIDADO PARA QUE A RELIGIÃO NÃO SE INSTITUCIONALIZE E SE FECHE NAS MÃOS DE UMA ELITE QUE A DISTANCIA DO POVO, DAS CASAS, DE SUA REALIDADE. CRISTIANISMO LONGE DA REALIDADE DA VIDA, NÃO É CRISTIANISMO, POIS NASCEU NO MEIO DO POVO”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS DA SILVA, Cássio Murilo. Metodologia de exegese Bíblica. São Paulo: Paulinas 2000. (2ª edição: 2003).
GASS, Ildo Bohn. (Org.) Uma introdução à Bíblia – A serviço da leitura libertadora da Bíblia. São Paulo: 2002.
BERGANT, Dianne; KARRIS, Robert J. Comentário Bíblico. São Paulo: Loyola, 1999.