UM CAMINHO DE INTIMIDADE

UM CAMINHO DE INTIMIDADE

 

 

ORAÇÃO: UM CAMINHO DE INTIMIDADE

 

A MÚSICA SUAVE

 

           A música causa efeito imediato em nosso humor. Uma música com acordes agitados e em alto volume agita nosso íntimo. Ao contrário, uma música instrumental, com acordes suaves, imediatamente nos acalma, e nos ajuda a preparar o coração para Deus.

 

A CRUZ

           A Cruz, caracterizada pelo número quatro, é símbolo para a união dos contrários (acima-embaixo, direita-esquerda). Como sinal de salvação ou de proteção, aparece em numerosos selos e amuletos da Antiguidade.

           A punição da crucifixão procede do oriente – de modo particular a Pérsia – foi assumida pelos cartagineses e romanos; era considerada a mais desprezível modalidade de morte e executada sobretudo no caso de escravos. Nas Escrituras a crucifixão era desconhecida; mas os corpos dos executados eram apensos em público para aumentar a sua desonra. A serpente, por ordem do Senhor apensa numa haste, na época neotestamentária tornou-se o tipo do Jesus crucificado; “todo aquele que for mordido e a contemplar viverá” (Nm 21, 8).

           As quatro dimensões da Cruz indicam a universalidade da salvação; com referência à crucifixão disse Jesus: “E, quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12, 32). Primeiramente, a Cruz é sinal da morte; Jesus “morreu por todos” (1 Cor 5, 14), ou seja, por sua morte foi “o nosso velho homem co-crucificado” (Rm 6,6). A ambivalência da Cruz faz com que seja, porém, o símbolo da redenção e com isso da vida. “Pelo sangue de sua Cruz”, Jesus estabelece a paz e reconcilia tudo, “os da terra e os do céu” (Cl 1, 20).

 

O FOGO

           As duas atividades do fogo – por um lado, a de iluminar e aquecer, e, por outro, a de destruir- fizeram com que viesse a se tornar símbolo tanto do que é divino como do que é demoníaco. O termo grego pyr (fogo) e o latino purus provêm da mesma raiz lingüística; o fogo é puro e purificador. A chama, que se movimenta e indica o rumo do céu, é o símbolo da vida e da energia do sol; guardado por sacerdotisas (vestais), garante a permanência do Estado ( Roma). O parsismo fala de rio de fogo no fim dos tempos, que servirá de terrível tormento para os maus, mas de recreio para os bons.

           Nas Escrituras, o fogo é figura apreciada para dizer o ser e o agir de Deus. Numa sarça ardente revelou-se o Senhor a Moisés (Ex 3, 10), e na figura de uma coluna de fogo moveu-se durante as noites diante do seu povo que tirava do Egito ( Ex 13, 21). A força do fogo transpõe-se também para os que estão a serviço de Deus, torna-se figura para a casa de Jacó que vence os seus inimigos (Ab 18). Deus é aquele que “faz dos ventos os seus mensageiros, das chamas de fogo seus ministros” (Sl 104, 4). No Novo Testamento, o fogo é metáfora freqüente. João Batista profetiza que o Messias batizará com Espírito santo e com fogo (Mt 3, 11). Jesus pôde dizer com razão de si mesmo: “Eu vim trazer fogo à terra, e como desejo que já estivesse aceso!” (Lc 12, 29). A efusão do Espírito Santo em forma de línguas de fogo (At 2,3). O fogo pode tornar-se também figura do amor divino que se irradia o coração do Pai e do Filho, o Espírito Santo.

          

A BÍBLIA

           Todas as ações dos homens foram anotadas no rolo do livro, antes de que existissem (Sl 139, 16). O livro torna-se assim símbolo da verdade da palavra divina e da vida prometida por ela. Ao profeta Ezequiel a intenção de Deus foi comunicada mediante um livro; o comer o rolo do livro (Ez 2, 8s) significa assumir o ofício profético. Consumir o livro significa receber a palavra divina no coração.

           Pois nada de impuro deve entrar na cidade de Deus, “nela jamais entrará algo de imundo, e nem os que praticam abominação e mentira. Entrarão somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” (Ap 21, 27). Costume eclesiástico antigo foi o hábito de, ao se celebrar um concílio, pôr o livro dos Evangelhos sobre o trono como símbolo daquilo de que o concílio quer dar testemunho.

 

A POSIÇÃO DO CORPO

           A posição do corpo influencia a alma. Sentar-se com a coluna ereta, os dois pés no chão, palmas das mãos voltadas para cima em cima dos joelhos, todo o corpo em atitude de quietude, mas vigilante, olhos fechados.  

          

A RESPIRAÇÃO

           A respiração é a chamada companheira divina. Entra em nós quando nascemos e nos deixa quando partimos. Só em prestarmos atenção e ficarmos realizando a respiração compassada e profundamente estamos rezando. Não podemos prendê-la. Assim, como o Espírito de Deus, entra e sai de nós, trazendo renovação e levando o que não é bom.

           Quanto maior o vazio, quanto mais esvaziarmos os pulmões, mais o ar novo poderá entrar. O Evangelho está presente em tudo. Inspirar profundamente pelo nariz e soltar lentamente pela boca, realizar este exercício várias vezes, tranqüilamente.

 

O NOME DIVINO

           Para orar ao Pai no santuário interior do nosso coração, com a mais clara e mais pura consciência de seu amor permanente e do nosso desejo sincero de nos entregar totalmente a Ele por uma nova vida de amor pelos outros, devemos libertar nossa atenção interior de qualquer dispersão. O amor não cresce quando estamos distraídos em nossos pensamentos, mas sim quando estamos profundamente ligados e concentrados naquele que amamos. O coração é onde se demarca o campo de batalha, e onde ocorre a vitória, onde se enraizará o Reino de Deus.

           O guerreiro logo adquire, como um dom do Espírito e de Jesus, um “olho” interior que lhe permite vigiar e notar os pensamentos à medida que entram em seu coração. Evagrius, um dos grandes mestres psicólogos entre os hesicastas do deserto egípcio no século IV, compara-o a uma sentinela colocada à porta de nossa consciência, perguntando a cada pensamento: “Você é pelo Senhor ou contra Ele?” O coração não só repele cada pensamento negativo que provenha do mal, porém, mais positivamente, o coração ganha, na luta, um coração ardente de fé, humildade e amor. Quando esse calor do coração se apossa do cristão, ele se sente mais próximo do Senhor Jesus e todas as outras atrações de menor beleza, menor sedução, perdem seu poder de fascínio.

           Os cristãos modernos têm muito a aprender com os sábios dos desertos orientais que encontraram, através da constante repetição do nome de Jesus, a maneira de permanecer conscientemente na presença salvífica dEle como Senhor de seus corações. Implorando humildemente a presença de Jesus cujo nome é repetido seguidamente, o cristão, através do trabalho do Espírito Santo, começa a sentir Sua presença de maneira mais vital, mais real.

           O exercício desta oração chamada de hesicasta, que quer dizer tranqüilidade, silêncio, quietude, consiste em cada vez que inspirarmos pronunciarmos mentalmente o nome CRISTO, e cada vez que expirarmos o nome JESUS, e concentrarmos somente no nome divino, assim concentramos nossa atenção interior somente em Deus.

 

A ORAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

           Deve ser sempre a primeira oração do Cristão. Antes de iniciarmos nosso dia, antes de iniciarmos nossas atividades, nossos encontros. É através dela que chamamos novamente o Espírito de Deus, que vem ao auxílio de nossa insuficiência, de nossas fraquezas. É ele que nos traz a sabedoria, a paz e a luz divina, para termos bom proveito em tudo o que fizermos. Foi pelo Espírito de Deus que realizou-se toda a história de nossa salvação.

 

ILUMINAR A VIDA COM A PALAVRA DE DEUS

           Leitura do Evangelho de Marcos 1, 1 – 8 (Seguida de um momento de Silêncio)

 

RECORDAR O ENCONTRO:

          Este primeiro encontro foi na verdade uma grande oração, buscando mostrar um caminho de intimidade para todos aqueles que se dispõem a serem iniciadores na fé cristã para adultos. Pois um requisito básico para ser bom catequista, é ser um bom cristão, e o bom cristão é aquele que sabe viver a dimensão mística da vida. Esses exercícios que realizamos neste encontro são aconselháveis para todos os dias. Que passem a fazer parte do dia-a-dia do catequista e que ele leve seu ensinamento e sua prática para os outros. As orações nos encontros com os catecúmenos devem sempre ter esta via, a vida da intimidade, do silêncio, da contemplação do Nome Divino. Este é o principal benefício que podemos oferecer àqueles que vão vir ao nosso encontro, introduzi-los no caminho de intimidade com o nosso Deus. Se conseguirmos isto teremos cumprido satisfatoriamente nossa tarefa. Mas só pode iniciar na vida cristã a outros, quem vive autenticamente esta vida cristã.

         O que gostaríamos de recordar no encontro de hoje, o que foi mais significativo para cada um? Avaliar o que foi bom e o que precisa ser melhorado.