OBJETO DIRETO E OBJETO INDIRETO

OBJETO DIRETO E OBJETO INDIRETO

 

OBJETO DIRETO E OBJETO INDIRETO

 

            Existem duas palavras que as pessoas confundem os significados: Aptidão e Vocação. Nós nascemos com as duas para desenvolvermos em nossa vida. Aptidão é a nossa capacidade de nos adaptarmos ao mundo, à sociedade, o que nós nascemos para realizar socialmente: professor, médico, matemático, enfermeiro, caminhoneiro... Cada um de nós tem uma aptidão, ou podemos ter até mais de uma, para realizarmos na sociedade. Não é possível que todos sejam a mesma coisa. É no conjunto de trabalhadores que Deus vai construindo o mundo. É uma pena que hoje muitas pessoas procuram trabalho mais para se sustentarem e não trabalho de acordo com suas aptidões. A sociedade em que vivemos com opção capitalista por não valorizar o ser humano e sim o capital, acaba por levar muitos, principalmente os jovens, para realizarem, às vezes, uma vida inteira, um trabalho que não lhes satisfaça enquanto pessoa. Nossos jovens precisam de orientação neste aspecto, entre outros.

             A outra palavra, Vocação, vem do verbo latino vocare, que quer dizer chamar. É a forma que Deus nos chama para Ele, já nesta vida. Na verdade, estamos aqui para um dia nos unirmos com nosso Deus. Só que, alguns Deus chama para se unir a Ele de maneira direta. Assim como na gramática da língua portuguesa temos os objetos diretos que se unem diretamente ao verbo transitivo direto, sem auxílio de preposição. Assim Deus chama algumas pessoas para se unirem a Ele diretamente. É o caso dos presbíteros, religiosos consagrados, monges, leigos consagrados... Outros Deus chama de maneira indireta, para se unirem a Ele através de alguém. Se é um homem, através de uma mulher e vice-versa.

Os consagrados, padres ou freiras, leigos ou leigas consagrados, são chamados por Deus para serem pais e mães do povo. São pessoas normais, pelo menos deveriam ser, saudáveis que Deus prepara para casarem com a Igreja e gerar através dela filhos espirituais.

 Porém ambos, os consagrados e os casais são convidados por Deus também para uma missão muito sublime. Deus não trabalha sozinho. Ele faz tudo em processo. Quer nossa participação. Nós nascemos sementes, com potencialidade de perfeição e santidade. Somos sementes santificadas, como diz Padre Francisco, monge trapista e meu orientador espiritual. Estamos em processo de santificação. E assim como eu, padre, consagrado não estava pronto a um ano atrás quando fui ordenado, o casal também não está pronto quando se consagra um a outro. Vocês, meus filhos espirituais precisam me ensinar a cada dia a ser santo, e um bom padre. São vocês que me trabalham e ensinam. E têm a grande missão de me tornar melhor. Da mesma forma, eu, através de minhas homilias, formação, exemplo tenho que torná-los melhor.

Assim também entre um casal. Abraçar um compromisso de consagração e de matrimônio é coisa séria. Estamos lidando com Deus. Deus conta conosco. É por isso que as três fazes para uma uniam não saíram de cena da socidade. Namoro, noivado e casamento. Estas três etapas para a uniam são eternas. A sociedade com sua permissividade hoje é que está errada. Nós seres humanos não nascemos para a promiscuidade. A promiscuidade nos destrói. Nós nascemos sim, para uma só pessoa. Porque estamos nos preparando para Um Só Deus. E sempre que nos unimos com alguém formamos a Trindade. Eu, a Igreja, e vocês os filhos. Um homem, uma mulher e seus filhos. Então para chegarmos a uma consagração e um casamento, precisamos primeiro do namoro. Assim como também namorei com a Igreja e com Deus para me consagrar totalmente, um rapaz precisa namorar, e santamente com uma jovem. O namoro é o tempo para conhecermos a alma um do outro. Conhecermos o caráter, o jeito, o pensamento, os defeitos e qualidades. Hoje em dia, muitos jovens por exemplo, já se relacionam sexualmente com a pessoa que conheceram na primeira noite. Se entregam totalmente para alguém que não sabe nem direito qual é o nome. E quase sempre vem gravidez. E não vai nascer um cachorrinho ou um macaquinho, vai nascer um ser humano. Você engravida de alguém que você não sabe nem o sobrenome. É por isso a grande quantidade de aborto. Porque somos humanos, temos um corpo que funciona e que é sagrado e que não deve ser entregue para qualquer pessoa. É necessário uma consagração. Depois do namoro o noivado. Já se conheceram melhor, agora estão pensando realmente em se unir. Ele vale a pena, ela vale a pena. Começam a preparar o ninho onde vão viver. É um tempo decisivo. E enfim o matrimônio, aí sim os dois já se conhecem mais, porque o processo continua.

E nós pensamos que fomos nós que escolhemos as pessoas, ou Deus, mas é Ele que nos escolhe. Ele me escolheu para vocês e vocês para mim. E com aquela missão de tornar um ao outro melhor. E o instrumento que temos é o amor. Só através do amor podemos aperfeiçoar as pessoas.

Um dia uma paroquiana nossa nos procurou para pedir permissão para se separar do seu esposo. Disse ela que ele estava bebendo muito, chegando tarde em casa, fedido, fazia escândalo, brigava com ela e com os filhos. A vida estava um inferno. Eu lhe falei da função do casamento e que a única pessoa que podia fazer o esposo dela melhor, era ela mesma. E através do amor e da oração.

- O que, Padre, amar aquele homem ?!...

- Sim, o seu esposo e pai dos seus filhos!

Disse para ela tratá-lo com mais carinho. Colocar amor em tudo que ela fizesse por ele. Quando chegasse tarde que ela abrisse a porta, abraçasse ele. Desse comida e carinho. Não brigasse, mas conversasse... Pois não é que ela fez o que foi dito... Há duas semanas me procurou novamente feliz. Dizendo que a vida dela estava uma benção e as coisas melhorando cada dia. E a noite decisiva foi quando novamente o esposo chegou três horas da manhã. Batendo na janela do quarto, acordando-a com seus gritos. Ela ficou na cama lutando com ela mesma. Dizendo que não ia abrir a porta. Que ele tinha que aprender. Mas a voz da consciência começou a falar mais alto. E quando ela viu, estava abrindo a porta para ele. Ele olhou para ela, abaixou a cabeça. Ela perguntou se ele estava com fome. Ele disse que sim. Ela esquentou a comida. Ele comeu. Tomou banho e deitou. Faltava o abraço. Ela disse com ela mesma. “Não, isto não. Abraçar não!”. Mas a voz da consciência ecoava. “Abraça, o teu marido, dá amor para ele!”. Ela disse-me que foi irresistível. Abraçou. O marido acordou meio assustado com seu braço no peito dele. Mas depois viu que estava tudo bem. E dormiu. Deixou até de roncar.

No outro dia, no café, ele perguntou para ela:

- Que arrumação era aquela mulher, tu me abraçando à noite?...

- Tu queres saber – disse ela – É porque eu te amo, tu és o meu marido. E se tu queres continuar a chegar tarde assim, tu levas a chave para não me acordar mais não, tá bom?... – e voltou-se para continuar a lavar a louça.

Ele ficou em silêncio e naquele dia, ele foi de novo para o bar. Mas voltou às nove da noite. E desde este dia que as coisas foram melhorando. Ele está bebendo menos. E quando bebe não se sente muito bem. Ela tem certeza que é por conta da oração dela. Hoje ele dialoga com ela sobre as coisas da casa. Sobre os filhos. A vida está uma benção.

É para isto que as pessoas são escolhidas para as nossas vidas. E nós para a vida delas. Para nos tornarmos melhor. E não para nos separarmos. Quando nós nos separamos, rompemos um compromisso abraçado com Deus, nós falimos em relação a Deus.

Estamos aqui para um tornar o outro melhor.  Para que um dia. Se eu for antes que vocês. Vocês possam dizer para Deus: “Aqui está Senhor, o padre Carlos, que o Senhor nos deu. Fizemos o possível para torná-lo melhor!”. Ou quando um de vocês partir antes de mim. Eu possa dizer também: “Aqui está Senhor, minha paroquiana, meu paroquiano, fiz o possível para torná-lo melhor com meu exemplo, minhas homilias, minha vida!”

Se você for antes de sua esposa ou esposo, também que possam dizer isto para Deus: “Eis aqui meu esposo (ou minha esposa) Senhor, espero tê-lo (ou tê-la) melhorado através do meu amor!”

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!