CRISTO, REI DO UNIVERSO

CRISTO, REI DO UNIVERSO

 

CRISTO, REI DO UNIVERSO

Jo 18, 33 - 37

 

             Um dia, lá na eternidade, antes de tudo ser criado, Deus Pai estava sozinho. Só existia Ele. E por isso Ele ainda não era Pai. Vivia sozinho. O Incriado, no meio do nada. Até que Deus teve a idéia de gerar no seu próprio corpo espiritual alguém para conviver com Ele. E assim fez. Gerou alguém de sua mesma substância, natureza e divindade.  Um Filho. Por isso que Deus é Pai e Mãe de tudo. E quando Deus, agora Pai, viu diante dEle aquele jovem bonito, parecido com Ele. Sentiu algo que todas as mães e pais sentem por seus filhos desde que sabem que foram fecundados: AMOR. E o amor que Deus Pai sentiu por seu Filho e o amor do Filho pelo Pai foi tão intenso que se tornou uma outra pessoa divina, o Espírito Santo. O amor entre o Pai e o Filho.

                E assim, na eternidade estava a Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Viveram por muito tempo só os três, em um verdadeiro paraíso de amor. Não tinham nenhuma preocupação. Tudo era bom. Até que tiveram uma idéia: “Vamos criar seres que possam viver conosco aqui na eternidade. Partilhando do nosso amor?”. Mas como fazer? Se Eles começassem a tirar estes seres deles mesmos, seriam um monte de deuses. Então chegaram ao consenso: “Vamos criar um ser que inicie sua caminhada em outro lugar. E se prepare para chegar até nós. Um ser que se torne aos poucos humano. Que comece natureza, mas destinado ao convívio divino.”

                E assim fizeram. Iniciaram então toda a criação. Primeiro criaram uma pequena partícula no meio do nada. Tão aquecida que de repente explodiu. “Bummmm!”. E em segundos começaram a surgir milhões de átomos que foram dando origem a outros corpos que foram também explodindo. E virou uma verdadeira sopa cósmica. Um caos de criação que aos poucos foi se organizando. Os corpos celestes foram se agrupando em sistemas solares. Corpos ao redor de estrelas em fogo com capacidade de atraí-los gravitacionalmente. Estes agrupamentos foram dando origem a agrupamentos maiores formando galáxias. E o universo começou sua viagem de milhões de anos.

                Até que em uma galáxia. Lá no final dela. A Trindade viu um sistema solar de um sol amarelo. Com nove planetas. Depois passou a ser de apenas oito (porque um deles foi desclassificado). E neste sistema solar. Deus escolheu um terceiro planeta. Contando do sol para o final. Um planeta pequeno, mas de distancia do sol e constituição perfeitas para gerar vida. Ele estava girando velozmente como uma bolinha de fogo. Até que a força gravitacional do sol, dos outros planetas e de seu satélite fez com que fosse entrando em uma rotação contínua de aproximadamente vinte e quatro horas. Este planeta foi se resfriando. Começou a gerar vapor. Os vapores foram se condensando. Surgiram as nuvens que começaram a chover. E choveu muito ao ponto de inundar todo o planeta e tudo virar um grande oceano. Mas o núcleo do planeta continuava quente. Então suas placas tectônicas começaram a subir. Apareceram também vulcões e a terra seca começou a aparecer. Primeiro como um grande ilha que depois foi se repartindo até formar cinco continentes.

                Na terra seca começou a surgir as ervas, as plantas, cada uma com seus frutos e sementes. E na água, tanto do mar como dos rios, Deus começou a aventura da vida animal. Primeiro, bactérias que foram se aperfeiçoando até surgirem os peixes. Peixes grandes e pequenos. De todos os tipos. Um determinado tipo de peixe quis se aventurar pela terra. Surgiu então os anfíbios. Nascidos na água, mas para viver na terra. Os sapos são descendentes desta época. Os anfíbios viraram répteis. Alguns répteis cresceram demais tornando-se gigantescos. E Deus viu que com eles não seria possível chegar ao ser que ele queria por fim. Então Deus deu um jeito de sumir com os dinossauros e ficou apenas com os répteis menores. Alguns desses por sua vez criaram asas e deram origem aos pássaros, primeiro sem penas, depois foram se aprimorando e enriquecendo suas variedades. Outros répteis ficaram de quatro patas e deram origem aos animais quadrúpedes. Também em uma rica variedade. Com o desaparecimento dos dinossauros uma outra espécie que vivia mais pelos galhos das árvores comendo frutos e brotos de folhas pôde descer e começou a comer carne. Levantou as patinhas. Foi ficando ereta. E seu cérebro desenvolveu em suas conexões até que surgiu este que vos fala.

                Uma aventura de milhões de anos até que surge o ser humano como Deus tinha desejado. Quando o ser humano estava na terra, Deus já tinha criado os anjos para cuidarem dos seres humanos. Então Deus reuniu toda a milícia celeste para uma grande reunião. Então vieram os arcanjos, os querubins, os serafins e os anjos. E Deus disse: “Queridos filhos, o ser humano está pronto. Chegamos à plenitude dos tempos. Preciso agora que um de vocês desça para ser que nem eles e ensinar-lhes o caminho do céu. Porque sozinhos eles não tem condições de descobrir. Por favor, quem poderia ir?”. Os arcanjos se olharam pensando: “Descer? Ser gente? Sentir dor de barriga, dor de dente? Fazer coco, xixi?”. Ficaram em silêncio. Deus se voltou para os serafins: “E entre vocês, quem poderia ir?”. Nada, nenhuma resposta. Deus disse: “É simples. É só nascer da barriga de uma mulher. Ser que nem eles. Mas ensinando o caminho da humildade. E não é por muito tempo não. É só por uns trinta anos. Quem poderia ir?”. Nada também. Deus então olhou para os anjos. Os mais simples. “E entre vocês, será que teria algum que pudesse ir?”. Os anjos pensaram: “Se os arcanjos e querubins não quiseram ir é porque a coisa não deve ser fácil. Quem somos nós para nos atrever...”

                Até que Deus ouviu uma voz atrás dEle. Uma voz que Ele conhecia muito bem. “Eu vou Pai!”. O Pai se voltou. “Tu vais meu Filho? Mas tu és Deus comigo!”. “Sim, Pai, eu vou! Eu vou para ser Deus com eles!”. “Então está bem!” disse o Pai. “O que é preciso fazer?” perguntou o Filho. “Tu vais nascer da barriga de uma mulher e vais viver trinta e três anos de perfeita obediência a mim, para mostrar-lhes o caminho!”. “Está bem, Pai. Eu estou pensando em ser filho de uma rainha e de um rei lá da terra!”. “Não, Filho – atalhou o Pai – não é assim. Tu vais ser filho de uma moça pobre. Nascida de uma das menores cidades da terra. O nome da jovem é Maria e sua cidade é Nazaré. Tu vais ser concebido no ventre dela pelo meu amor. E assim que tu fores concebido ela vai ser contigo ameaçada de morte por apedrejamento porque ninguém vai entender sua gravidez. E mais meu Filho, assim que tu nasceres um rei tirano tentará matar-te. Mas fica tranqüilo porque escolhi um esposo para ela e pai adotivo para ti muito bom, para proteger vocês dois.”

                E assim foi feito. O Filho encarnou-se. Nasceu em Belém. Foi atentado de morte. Fugiram com Ele. E por fim o levaram para Nazaré. Quando o menino cresceu mais e começou a ter consciência de sua natureza divina começou a conversar com Deus Pai. E na sua adolescência disse para o Pai: “Pronto, Pai, estou crescido. Posso começar a minha missão?”. “Não, Filho. Não é assim. Precisa esperar mais. É preciso ter paciência. Você vai ficar mais alguns anos aí em Nazaré. Em silencio. Trabalhando com seu pai. Ajudando sua mãe. Não deixe ninguém saber que você é Deus, Jesus!”

                Até que quando Ele completou trinta anos o Pai falou para Ele: “Pronto, Filho. Chegou a hora. Tu vais começar a tua missão. Lá no rio Jordão tem um homem. Ele é teu primo. O nome dele é João. Vocês se encontraram quando ainda estavam sendo gerados. Ele está mergulhando o povo no rio como sinal de purificação e vida nova. Tudo para preparar o povo para tua chegada. Por isso que o apelidaram de Batista. Aquele que mergulha. Tu vai lá para ser batizado por ele.” “Mas Pai, eu sou Deus. Vou ser batizado por um ser humano?”. “Sim, Filho, tu vais descer e ser batizado por ele. Filho não esqueça, humildade!”.

                E Jesus foi ter com João. E sabemos o que aconteceu. O profeta quando o viu logo o reconheceu e disse: “Mas eu que tenho que ser batizado por ti e tu vem a mim?”. “É preciso que se faça toda a justiça!”. E Jesus baixou a cabeça para João Batista. Depois Deus Pai disse para Ele que o Espírito o conduziria para o deserto para ser tentado pelo inimigo da natureza humana nas três tentações que fazem o ser humano facilmente cair: o ter, o poder e o prazer. “Filho, tu conhecerás agora o inimigo da raça humana. Ele vai te propor três coisas, mas tu rejeitarás as três por amor a mim!”. E assim Jesus fez.

                Quando saiu do deserto o Pai lhe disse: “Filho, chegou a hora de tu montares tua equipe de trabalho. Aqueles que vão dar continuidade a tua missão na terra.” O Filho disse com empolgação: “Pai, estou pensando em chamar médicos, doutores, especialistas de hoje para...”. Novamente o Pai o atalhou: “Não, Filho, não é assim. Tu vais escolher os piores!”. “Os piores?” “Sim, Filho, os piores. Aqueles que ninguém escolheria. Eles serão analfabetos, simples, com poucos recursos humanos. Entre os pescadores tu vais encontrar o grupo ideal”. E assim Jesus fez. O primeiro que escolheu foi o mais ignorante de todos, (desculpe, São Pedro!). E quando já estava no final da formação da equipe, o Pai lhe disse: “Filho, falta mais um. Tu vais escolher aquele que vai ter fazer muito mal um dia. Ele vai te vender por algumas moedas de prata. O nome dele é Judas Escariotes”. “Como é que é Pai, eu vou escolher para conviver comigo um que vai me fazer mal um dia?”. “Sim, Filho, assim é a vida. E tu vais ter que amá-lo do mesmo jeito. E ainda chamá-lo de amigo!”. E assim Jesus fez.

                Passaram-se os anos. Pregava as mensagens que ouvia do Pai. Realizava milagres, curas de acordo como o Pai lhe dizia para fazer. Até que um dia o Pai lhe revelou algo muito importante. Em uma oração, Jesus visualizou a cruz. “O que é isto, Pai?”. “Esta é a tua missão, meu Filho! Tu vais morrer em uma cruz!” “Morrer numa cruz?” “Sim Filho, mas antes eu quero que tu ceies com teus apóstolos pela última vez. Será a tua última Páscoa com eles. E nesta ceia eu quero que faças duas coisas: A primeira é que tu laves os pés dos teus apóstolos!”. “Lavar os pés deles? Dos seres humanos?” “Sim, Filho, tu, Deus, vais tirar tua túnica, enrolar uma toalha em tua cintura e lavar os pés dos seres humanos, enxugar e beijar!”. “Está bem, Pai e a outra coisa que tenho que fazer?”. “Tu vai pegar um pedaço de pão e um pouco de vinho e vais consagrá-los em ti”. “Como é que é Pai? Esta parte eu não entendi!”. “Tu vais consagrar um pedaço de pão e um pouquinho de vinho no teu corpo e no teu sangue!”. “Pai, eu Deus, vou virar uma coisa!”. “Sim, Filho, esta é a descida maior. Tu deixaste o convívio comigo, passaste a ser humano e agora é a última descida, tu vais ser um “isto”!” “Está bem, Pai!”.

                E Jesus viveu a Última ceia com seus apóstolos. Lavou os pés como o Pai tinha mandando. Consagrou o pão e o vinho em seu corpo e seu sangue. E depois da ceia foi até o Horto das Oliveiras onde costumava sempre ir dormir quando estava em Jerusalém. E lá começou a sentir uma tristeza de morte. Ajoelhou-se e recostando em uma pedra o Pai lhe falou: “Filho, chegou a hora. Tu vais ser entregue e sofrerás o sacrifício da cruz!”. Jesus começou a sentir o humano terror de ter sua própria vida ameaçada. O bem mais precioso. Ele que tinha entregado tudo. Agora chegava ao limite de sua última vontade. Ele não queria morrer. “Pai, afasta de mim este cálice!”. “Filho, é preciso!”. “Mas, Pai, não há um outro meio? Um outro jeito?”. “Não, Filho, tu tens que morrer por mim e por eles. Tens que entregar tudo a mim!”. Jesus levanta-se vai até os três companheiros de todas as horas: Pedro , Tiago e João. Estavam dormindo. “Pedro, Pedro, acorda, vem rezar comigo. Tudo pode ser mudado pela oração. Vem Pedro, vamos ver se nós dois juntos rezando podemos mudar esta situação!”. “Sim, Senhor, vamos rezar...”. Os olhos de Pedro estão pesados e ele cai de novo em sono profundo. Jesus volta à pedra. “Pai, afasta de mim este cálice!”. “Filho, é preciso!”. “Mas, Pai, eu vou morrer, eu vou sofrer, vão acabar comigo!”. “Sim, Filho, mas confia em mim. Foi para isto que tu nasceste, para amar até o fim. E só quem dá a vida ama perfeitamente, Filho!”. Abandonando totalmente sua vontade e confiando e amando totalmente o Pai, Jesus disse: “Está bem, Pai, eu vou!”. Jesus levantou-se. E quando se levantou estava pronto. Tinha vencido o maior inimigo do ser humano: a vontade própria. Tinha se tornado Senhor de si mesmo. Tudo o mais que acontece com Jesus, pouco importa. As dores que vêm depois não têm mais importância. Já tinha superado a maior: negar a si mesmo. E acontece toda sua paixão e morte. Mas depois de três dias o Pai o ressuscita.

E depois de quarenta dias Ele sobe aos céus e quando lá chega encontra toda a milícia celeste, (meio envergonhada), mas cantando com alegria: “Santo, santo, santo é o Senhor...” E o Pai bem no centro com os braços estendidos: “Vem, Meu Filho bendito, vem amado de minha alma, tu venceste, Filho meu, venceste a ti mesmo, por isso senta-te ao meu lado direito porque de hoje em dia Tu serás aclamado Jesus Cristo, o Rei do universo. E todos aqueles que seguirem na terra cada um dos teus passos, serão reis e rainhas em ti, porque terão vencido si mesmos!”

             Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!